O objetivo deste guia é proporcionar aos interessados – médicos e pacientes – informações sobre as EVIDÊNCIAS dos sintomas (leia antes neste site “a medicina baseada em evidências -www.guiaendometriose.com.br/evidencias), do diagnóstico e dos tratamentos da endometriose. O texto apresentado a seguir tem como base as orientações fornecidas pela ESHRE e podem ser conhecidas no site original guidelines.endometriosis.org. Mantivemos o texto original em inglês e traduzimos para o português para o ajuste ao nosso idioma.
Para este trabalho a Sociedade Européia convocou ginecologistas e especialistas em medicina baseada em evidências provenientes da Europa, bem como um grupo de profissionais especializados em auto-ajuda para endometriose.
Algumas dessas informações podem não ser consideradas por nós como a melhor opção e por isso completamos cada uma delas com os nossos comentários. A conclusão destas orientações é definida de acordo com o “nível de evidência” que leva a um determinado “grau de recomendação” para um tipo de pesquisa ou tratamento.
Medicina Baseada em Evidências (“Nível de Evidências” e “Grau de Recomendação”
Para simplificar o entendimento do “nível de evidências” e o “grau de recomendação” para os sintomas, diagnóstico e tratamentos de endometriose, foram elaborados quadros explicativos didáticos que explicam os procedimentos. Nestes quadros encontram-se sinalizados do lado esquerdo o grau de recomendação e do lado direito o nível de evidência. Estão descritos os seguintes assuntos:
Descrevemos a seguir os ”Graus de Evidência" e os ”Graus de Recomendação” definidos pela ESHRE. Os textos estão divididos em itens, traduzidos para o português e acompanhados do original em inglês, dentro do quadro.
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Variam conforme o órgão afetado. Podem ser assintomáticos
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Grau de Recomendação C - Nível de evidência 3 |
Grau de Recomendação C - Nível de evidência 3 |
Grau de Recomendação - GPP A inspeção visual pela laparoscopia normalmente é suficiente, mas a confirmação histológica é o ideal. Nos casos de cistos endometrióticos (superior a 4 cm de diâmetro), e endometriose profunda, a biopsia deve ser também realizada para excluir alguns raros casos malignos. (*O IPGO considera esta biopsia fundamental) Grau de Recomendação - GPP O controle da endometriose severa e profunda é complexo. Portanto estas pacientes devem ser encaminhadas a profissionais de centros especializados que realizam tratamentos multidisciplinares e vídeo-laparoscopia avançada para qualquer etapa da doença. |
Grau de Recomendação A - Revisão Sistemática dos exames para diagnóstico |
Até o momento as evidências são insuficientes para determinar se a Ressonância Magnética é um exame útil para diagnosticar ou excluir a endometriose, quando comparamos com a vídeo-laparoscopia*. *O IPGO considera a ressonância magnética extremamente útil nos casos suspeitos de endometriose profunda. |
Grau de Recomendação A - Revisão sistemática dos exames para diagnósticos |
Grau de Recomendação - GPP |
Grau de Recomendação GPP |
Grau de Recomendação - GPP Grau de Recomendação - GPP |
Grau de Recomendação C - Nível de evidência 3 Grau de Recomendação C - Nível de evidência 3 |
Grau de Recomendação - GPP
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Grau de Recomendação A Nível 1B |
Grau de Recomendação A Nível 1A |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1B Grau de Recomendação - Nível de evidência 1A |
O DIU de levogenestrel (Mirena®)* pode ser efetivo no alívio da dor (Vercellini et al, 1999), mas não existem evidências para estas recomendações. |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1A Uma revisão sistemática identificou dois estudos randomizados - RCT - Randomized Clinical Trial e três estudos de observação envolvendo um pequeno grupo heterogêneo de pacientes (Varma R et AL., 2005) que demonstraram evidências que o DIU Mirena® reduz a dor associada à endometriose (Vercellini et al, 1999; Petta et al, 2005). Os sintomas foram mantidos sobre controle por mais de 3 anos (Lockhat et al, 2005; Lockat et al, 2004). Trabalho revisado guidelines 2006 |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1B |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1A |
Tratamentos no pós-operatório |
Grau de Recomendação - Nível de evidência 1 |
Grau de Recomendação C - Nível de evidência 3 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Trabalhos científicos atuais (Fertility and Sterility 2006; ASRM 2008 – P. Serafini) já demonstram vantagens significativas nas taxas de gravidez após o tratamento cirúrgico de endometriose profunda. *O IPGO discorda com esta última afirmação |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1B Asrm 2008 – San Francisco – USA; P.Serafini, R.Pereira, E. Motta, L. Chamie; A. Zanatto e P. Bianchi |
Tratamento pós-operatório |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1B |
Grau de Recomendaçãon B - Nível de evidência 1B Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1A A recomendação esta baseada em uma revisão sistemática, entretanto publicações mais atuais têm demonstrado boas taxas de gestação. (e.g.SART e HFEA) |
Grau de Recomendação A - Nível de evidência 1B |
A retirada dos cistos endometrióticos é recomendada em casos de endometriomas com diâmetro superior a 4 cm. Esta conduta confirmará o diagnóstico histológico; reduzirá o risco de infecção; tornará melhor o acesso aos folículos na hora da aspiração dos mesmos, além de melhor a qualidade dos óvulos. Esta recomendação deve ser incentivada independente do risco da diminuição da reserva ovariana ou do próprio ovário, entretanto, caso tenha cirurgias ovarianas anteriores, esta decisão poderá ser reavaliada. ***O IPGO tem opinião diferente e analisa previamente a reais vantagens de uma intervenção cirúrgica. |
Grau de Recomendação C - Nível de evidência 4 |
Grau de Recomendação GPP Grau de Recomendação GPP |
Grau de Recomendação B - Nível de evidência A
É difícil prever a presença de endometriose em adolescentes apenas com dor pélvica e pela apresentação de sintomas, porque sintomas semelhantes ocorrem em pacientes avaliados laparoscopicamente por dor pélvica, com e sem endometriose (Reese et al., 1996; Laufer et al., 1997).
Endometriose pode ser confirmada por laparoscopia em adolescentes em fase de avaliação de dor pélvica crônica. O sintoma mais comum em adolescentes apresentando com endometriose é cíclica dor. Menos comumente acíclicos dor, dispareunia, sintomas gastrintestinais, menstruação irregular, corrimento vaginal e sintomas urinários são descritos (Goldstein et al., 1980; Bai et al., 2002; Ballweg, 2003). No entanto, apresentam sintomas semelhantes ocorrem em pacientes adolescentes avaliados para dor pélvica, com e sem endometriose (Reese et al., 1996; Laufer et al., 1997).
Evidence Level 3
It is hard to predict the presence of endometriosis in adolescents with pelvic pain merely from the presenting symptoms, because similar symptoms occur in patients evaluated laparoscopically for pelvic pain with and without endometriosis (Reese et al., 1996; Laufer et al., 1997).
Endometriosis can be confirmed by laparoscopy in adolescents under evaluation for chronic pelvic pain. The most common presenting symptom in adolescents with endometriosis is cyclic pain. Less commonly acyclic pain, dyspareunia, gastrointestinal symptoms, irregular menses, urinary symptoms and vaginal discharge are described (Goldstein et al., 1980; Bai et al., 2002; Ballweg, 2003). However, similar presenting symptoms occur in adolescent patients evaluated for pelvic pain with and without endometriosis (Reese et al., 1996; Laufer et al., 1997).
Grau de Recomendação B - Nível de evidência 3
A Laparoscopia deve ser considerada se os adolescentes com dor pélvica crônica que não respondem ao tratamento médico (AINEs - antiinflamatórios não-esteróides, OCPs - anticoncepcionais orais) desde endometriose é muito comum nestas circunstâncias (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989; Reese et al, 1996 ; Laufer et al., 1997; EMMERT et al., 1998, Hassan et al., 1999; Kontoravdis et al., 1999; Shin et al., 2005; Stavroulis et al., 2006).
Endometriose lesões pode ser detectado com freqüência em pacientes adolescentes com dor pélvica crônica. As taxas de prevalência da endometriose em pacientes adolescentes submetidos a laparoscopia para dor pélvica crônica intervalo de 19% para 73% (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989; Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; EMMERT et al., 1998, Hassan et al., 1999; Kontoravdis et al., 1999; Shin et al., 2005). Dismenorreia, porque é muito comum em adolescentes nem todas as mulheres jovens com dor pélvica pode ser submetido a invasivos diagnóstico por laparoscopia. No entanto, se combinação de terapia hormonal (como pílulas anticoncepcionais orais) ou não-esteróides anti-inflamatórios não, 35-73% dos adolescentes têm endometriose no momento da laparoscopia (Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997 ; Stavroulis et al., 2006
Evidence Level 3
Laparoscopy should be considered if adolescents with chronic pelvic pain who do not respond to medical treatment (NSAIDs, OCPs) since endometriosis is very common under these circumstances (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989; Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; Emmert et al., 1998; Hassan et al., 1999; Kontoravdis et al., 1999; Shin et al., 2005; Stavroulis et al., 2006).
Endometriosis lesions can be detected frequently in adolescent patients with chronic pelvic pain. Prevalence rates of endometriosis in adolescent patients undergoing laparoscopy for chronic pelvic pain range from 19% to 73% (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989; Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; Emmert et al., 1998; Hassan et al., 1999; Kontoravdis et al., 1999; Shin et al., 2005). Because dysmenorrhoea is very common in adolescents not all young women with pelvic pain can be subjected to invasive diagnosis by laparoscopy. However, if combination hormone therapy (such as oral contraceptive pills) or non-steroidal anti-inflammatory drugs fail, 35-73% of adolescents do have endometriosis at the time of laparoscopy (Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; Stavroulis et al., 2006
Grau de Recomendação B - Nível de evidência 3
A endometriose mínima e leve, de acordo com a classificação rASRM são os graus mais comuns da doença em adolescentes. Ginecologistas cirurgiões devem prestar especial atenção aos tons vermelhos, brancos ou claros, que foram relatadas por ser mais prevalente em adolescentes, por oposição aos adultos que têm endometriose (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989, Davis et al., 1993 ; Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; EMMERT et al., 1998, Hassan et al., 1999; Bai et al., 2002; Marsh e Laufer, 2005).
Evidence Level 3
Minimal to mild endometriosis according to the rASRM classification are the most common stages of the disease in adolescents. Gynaecologic surgeons should pay special attention to red, clear or white lesions which were reported to be more prevalent in adolescents as opposed to adults who have endometriosis (Goldstein et al., 1980; Vercellini et al., 1989; Davis et al., 1993; Reese et al, 1996; Laufer et al., 1997; Emmert et al., 1998; Hassan et al., 1999; Bai et al., 2002; Marsh and Laufer, 2005).
Grau de Recomendação B - Nível de evidência 3
Refluxo menstrual em decorrência de anomalias Müllerianas pode causar desenvolvimento precoce de endometriose em adolescentes. A regressão da doença foi observada quando a correção cirúrgica da anomalia já foi realizada (Sanfilippo et al., 1986; Ugur et al., 1995; Hur et al., 2007).
Semelhante as taxas de prevalência de endometriose foram relatados em um grupo de 186 pacientes com anomalias Müller, em comparação com controles sem Müllerianos anomalias (19,8% vs 19,1%). No entanto, se os doentes sem funcionamento endométrio foram excluídos, endometriose foi significativamente mais comum em pacientes com obstrução exfluxo (57,6%) quando comparados a pacientes com não-obstrutiva tipo de anomalia (17,6%) (Ugur et al., 1995).
Evidence Level 3
Menstrual outflow obstructions such as Müllerian anomalies may cause early development of endometriosis in adolescents. Regression of the disease has been observed once surgical correction of the anomaly has been accomplished (Sanfilippo et al., 1986; Ugur et al., 1995; Hur et al., 2007).
Similar prevalence rates of endometriosis were reported in a group of 186 patients with Müllerian anomalies compared to controls without Müllerian anomalies (19.8 % vs. 19.1 %). However, if patients without functioning endometrium were excluded, endometriosis was found significantly more common in patients with outflow obstruction (57.6 %) compared to patients with non-obstructive type of anomaly (17.6 %) (Ugur et al., 1995).
Grau de Recomendação GPP - Nível de evidência 3
Ao tratar de adolescentes com endometriose, os Médicos devem adotar uma abordagem multidisciplinar: Cirurgias videolaparoscópicas, tratamento hormonal, tratamento clínico para a dor, apoio psicológico, terapias alternativas e complementares e orientações informativas são muito úteis.
Nível de evidência 4
Devido às preocupações dos efeitos adversos sobre a densidade óssea, o tratamento com agonistas do GnRh não é recomendável o uso destas drogas só é possível para pacientes adolescentes de 17 anos ou mais anos de idade, e somente se os sintomas persistirem. (Propst e Laufer, 1999; ACOG Committee Opinion, 2005.
O Tratamento da endometriose para a gestão dos algoritmos em pacientes adolescente é baseado em princípios fisiopatológicos e a extrapolação de dados de pacientes adultos com endometriose. Uma pequena casuística de 11 Laparoscopicamente e hormonalmente tratados pacientes adolescentes relataram excelentes respostas, mesmo em pacientes com endometriose severa (Stavroulis et al., 2006). Uma revisão da literatura sobre o impacto do hormônio liberador gonadotropin-agonistas na massa óssea em adolescentes não responderam à terapia convencional não pôde identificar qualquer estudo especificamente estudando a população adolescente. Assim, a dosagem ideal e os efeitos a longo prazo add-costas terapia continua a ser determinada (Lubianca et al., 1998).
Physicians treating adolescents with endometriosis should adopt a multidimensional approach: Surgery, hormonal manipulation, pain medication, mental health support, complementary and alternative therapies, and education in self management strategies are useful components.
Evidence Level 4
Due to concerns of adverse effects on final bone density formation gonadotropin-releasing hormone agonists are usually only possible for adolescents age 17 years or older, if symptoms persist (Propst and Laufer, 1999; ACOG Committee Opinion, 2005.
Treatment algorithms for management of adolescent endometriosis are based upon pathophysiologic principles and extrapolation of data from adult endometriosis. A small case series of 11 laparoscopically and hormonally treated adolescent patients reported excellent responses even in patients with severe endometriosis (Stavroulis et al., 2006). A literature review on the impact of gonadotropin-releasing hormone agonists on bone mass in adolescents not responding to conventional therapy could not identify any study specifically studying the adolescent population. Thus, the ideal dosage and long-term effects of add-back therapy remains to be determined (Lubianca et al., 1998).
As informações contidas neste site têm caráter informativo e educacional e, de nenhuma forma devem ser utilizadas para auto-diagnóstico, auto-tratamento e auto-medicação. Quando houver dúvidas, um médico deverá ser consultado. Somente ele está habilitado para praticar o ato médico, conforme recomendação do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA.