Endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial (revestimento interno do útero) fora da cavidade uterina (como ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio, e até mesmo no próprio útero, dentro do músculo). Seus sintomas principais são dismenorréia (cólica menstrual) e dor pélvica. É uma doença crônica que em casos graves pode ser altamente debilitante.
O número cada vez maior de casos de endometriose e a seriedade dos sintomas da doença vêm preocupando autoridades de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Estima-se que 10 a 14% das mulheres, em sua fase reprodutiva (19 a 44 anos) e 25 a 50% das mulheres inférteis estejam acometidas por esta doença.
Frente a isso, muitos estudos vem tentando encontrar a melhor abordagem desta doença. Ela normalmente é tratada cirugicamente (exérese cirúrgica das lesões) com associação de medicações. O objetivo do tratamento é aliviar dor e outros sintomas, reduzir as lesões de endometriose e melhorar qualidade de vida. Tendo em vista que é uma doença crônica, o tratamento deve manter-se por períodos prolongados e consiste na supressão hormonal. O tratamento padrão é o análogo de GnRH, medicação que inibe a hipófise, levando a um estado de menopausa. É efetivo na redução da dor, alívio dos sintomas e redução de lesões. Entretanto, é muito freqüente efeitos colaterais de fogachos (ondas de calor) e secura vaginal, além de pode causar osteoporose se uso prolongado. Assim, este tratamento é preconizado por no máximo 3 a 6 meses.
Após esse período, tem sido utilizados anticoncepcionais de uso continuo ou progestágenos, que podem ajudar na não progressão da doença e alívio dos sintomas.
Recentemente uma nova medicação foi lançada no Brasil. Trata-se do Allurene, cujo componente ativo é o dienogeste, um progestagênio com forte atividade progestacional e sem atividade androgênica. A dose recomendada é 1 comprimido de 2 mg via oral 1 vez ao dia.
Estudos mostraram eficácia no alívio da dor semelhante ao análogo do GnRH e redução das lesões de endometriose. A melhora dos sintomas se mantém por períodos prolongados de uso. Efeitos colaterais são leves e infreqüentes e são eles: dor de cabeça (9%), dores mamárias (5,4%), desânimo (5,1%) e acne (5,1%). Diferente do análogo de GnRH, não tem efeitos colaterais anti-estrogênicos relevantes como diminuição da massa óssea e sintomas de menopausa (calores, secura vaginal...), freqüentes com o uso do análogo. Também não se associa com efeitos androgênicos clinicamente relevantes e não tem impacto negativo sobre o perfil de lipídios, diferente de alguns progestagênios. Com o uso contínuo, há redução progressiva na freqüência e intensidade do sangramento.
O Allurene para o tratamento da endometriose mostra segurança e eficácia, sendo adequado para o uso a longo prazo e é uma opção de tratamento oferecida pela equipe do IPGO para pacientes com essa doença.
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